Um Adeus às Troikas! – Nuno Araújo

Maria Luís Albuquerque, ministra das finanças de Portugal, afirmou na semana passada que existe a possibilidade de o governo poder não pedir a Bruxelas um apoio financeiro suplementar, ou seja, um segundo resgate. Portugal prepara-se, assim, para seguir o caminho trilhado pelos governos de Espanha e Irlanda que se pronunciaram, em simultâneo, pela decisão de não pedir um programa cautelar à Troika. Ora é óbvio que esta sucessão de declarações parece ter sido concertada entre os governos destes estados membros da União Europeia (UE), essencialmente devido ao momento favorável aos países europeus que estejam sobre a “mira” das agências de rating e dos mercados financeiros.

A Irlanda conclui o seu programa de assistência financeira a 15 de Dezembro, enquanto que Espanha cessa a 1 de Janeiro o programa internacional de suporte ao sector bancário espanhol. Portugal só termina o seu programa em Junho do próximo ano, de 2014. E, sempre que Portugal está em vias de melhorar a sua condição económica, verificamos que Passos Coelho e o seu governo nada fizeram em prol dessa mudança positiva para o nosso país.

À imagem daquilo que eu escrevi na semana passada, e tenho vindo a afirmar consecutivamente, estes últimos dados económicos e financeiros fazem crer que a UE se prepara para uma nova fase de crescimento. Uma fase de ajustamentos diversos, sejam relativos ao nosso mundo em franca mudança; aos enormes desafios dos sectores laborais; ou dos mercados em volatilidade perante a escolha entre os bons preços chineses e a boa qualidade europeia. No entanto, a UE tem feito muitas alterações, boas e más, mas ao que parece suficientes para os mercados encararem a UE como sólida e estável, tanto política como financeiramente.

A vitória de Merkel mereceu uma estabilidade no que diz respeito às perspectivas dos mercados perante os activos europeus, e o mais do que provável acordo da chanceler para formar governo com os sociais-democratas do SPD, do qual faz parte Martin Schultz (provável novo presidente da Comissão Europeia, após as Eleições Europeias de 2014), também pareceu ter dado mais um motivo de reforço dessa confiança dos mercados à Alemanha e, por conseguinte, à UE.

A UE das conquistas sociais, essa, terá de ressurgir, pois os novos tempos anunciam mais emprego mas com menos direitos; mais austeridade trará os tradicionais receios de desemprego, ou de precariedade. Porém, a esperança existe, sobretudo a partir do momento em que tanto conservadores, como liberais, sociais-democratas, comunistas e ecologistas afirmam que a UE tem, inevitavelmente, de mudar. Que mude para melhor, é o meu desejo, para um UE com mais cidadania, igualdade de oportunidades e solidariedade.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana