A Bala Era A Lei – Uma Série de Faroeste que Nunca Aconteceria no Faroeste

Hoje é dia de despejar o meu coração numa crónica. De honrar um projecto do qual tenho o máximo orgulho, no dia em que se celebram 3 meses desde o seu fim (será?). A Bala Era A Lei é uma das primeiras séries Western portuguesas alguma vez gravadas para o Youtube e é, igualmente, uma das minhas maiores aventuras nos últimos anos. Sobre os planos e palavras de dois gigantes, Duarte Henriques e Marcos Bilro, tive o prazer de mostrar os meus dotes de actor amador, protagonizando uma série que já pensamos que venha a ser um cânon para a HBO no futuro próximo.

Brincadeiras à parte, deixo-lhe uma nota: a verdadeira razão que me levou a escrever esta crónica não é a auto promoção, mas sim para mostrar ao caro leitor o que se pode fazer com meia dúzia de adereços e 76 euros (acresce gasolina). Uma série com 6 episódios lançada num período de 6 meses e que já conta com alguns milhares de visualizações acumuladas. Uma aventura que cresceu do nada. Que fortaleceu laços e desenvolveu talentos. Que prova que em Portugal é possível tentar o caminho da cultura com um cheque careca nas mãos. E prova também que o Youtube é um meio de difusão tão legítimo como qualquer outro, mesmo tendo em conta a realidade do nosso país.

Mas calma aí, isto não é o Westworld. Não criámos um fenómeno da internet (por enquanto?) e foi muito mais a diversão que o sucesso. Mas deixe que vos digo que A Bala Era A Lei é uma das séries Western mais inovadoras no Portugal digital destes últimos anos e as raízes da inspiração surgem aos pontapés. Para qualquer versado em cinema não será difícil encontrar referências e recriações de grandes produções cinematográficas que são tudo menos “coboiadas” amadoras.

E não é isto que os artistas fazem? Pegam nos seus maiores heróis e dão um toque pessoal à mescla para trazer algo de novo à sua geração. E foi um pouco o que os nossos dois roteiristas fizeram. Os “pais do Western” (como geralmente os chamamos) passaram horas, dias, semanas à procura das cenas perfeitas, mesmo não tendo o melhor material, os melhores actores e actrizes, e os melhores cenários. E não é que foi essa a chave para que quase tudo corresse tão bem? O elenco aumentou exponencialmente, a qualidade de gravação e argumento cresceram e agora aqui estamos… a celebrar “uma série de Faroeste que nunca aconteceria no Faroeste” (uma das nossas frases de promoção da série nas redes sociais).

Foram muitos os vídeos, teasers e brincadeiras que fomos fazendo durante cerca de um ano. E tudo por causa do “3:10 No Areeiro”, uma recriação do trailer do filme 3:10 To Yuma, aquele que é provavelmente o melhor filme Western desde do novo milénio. Em baixo podem ver o trailer oficial da série! (se estiver com vontade de ver mais vídeos, o tal trailer do “3:10 No Areeiro” também está no mesmo canal)

Esta crónica serve de agradecimento a todos os envolvidos mas é também um apelo ao público português para os criadores da série. Imaginem o que estes dois poderiam fazer com um orçamento minimamente. Com tudo à mão de semear. Fica ao vosso critério acreditar em mim, mas toca a espreitar a série. Porque é garantido que vos vai deixar com pelo menos meia dúzia de gargalhadas. Sim, porque isto é um Western Spaghetti com muita comédia à mistura. E “coboiada” com comédia? Do que está à espera para nos visitar, caro leitor?

Pode ser que descubra as cantorias do Xerife Afonso, as gritarias da temível Juju ou as cobardias do Bandido Pippi… tudo é possível naquela que é a mais desconchavada, mas também adorável série de Faroeste a seguir ao Alentejo Sem Lei (que tão bem amamos).

Para terminar esta autêntica carta aberta à série em si, resta-me apenas fazer um grupo de menções individuais aos grandes responsáveis pela série. Ao brilhante Nuno Teixeira por criar a banda sonora e por ser o meu maior inimigo, ao Pedro Afonso por se revelar um grande cantor e actor, à família Henriques por ter criado uma dupla realizador-actriz genial e por aguentar as minhas idiossincrasias, ao Marcos Bilro por me compreender nos dias em que nem eu sei o que ando a dizer e a todos os que contracenaram comigo durante o último ano.

Por último fica um agradecimento à direcção do Ideias e Opiniões por me dar a liberdade e o privilégio de escrever acerca deste projecto.

Ao público de agora e ao público do futuro: tudo a ver! A cidade de Socorro está à vossa espera e com ela uma aventura que fará miúdos e graúdos rir. Não só pela história, como pelo a execução que é, no mínimo, especial. De propósito. Eu juro.

A Bala Era Lei. Uma série Western gravada no Areeiro e em Monsanto com pistolas de plástico e com um cavalo. What’s not to love?

Pode ver os links para todos os episódios e para o canal do fantástico Duarte Henriques, o maior trabalhador desta série, aqui!

Vemo-nos no velho Oeste, caros leitores! E boa sorte a tentar encontrar o ilustre Maria Pippi…

Hasta La Vista, Baby!