A Morte

O falecimento, óbito, passagem ou desencarne, são todos sinónimos de Morte. A morte faz parte da vida — todos nascemos, vivemos e, indubitavelmente, acabamos por morrer. Trata-se de um ciclo natural por que todos passamos e, efectivamente, somos incapazes de escapar. Quando somos jovens, na flor da idade, raramente nos surge à mente que um dia lá teremos de abandonar tudo e todos. Já quando chegamos a uma idade onde atingimos uma certa e natural maturidade, as coisas mudam um pouco de figura. A morte, ao contrário do que muita gente prega, assusta e muito. Vivemos numa sociedade de pura azáfama, onde somos absorvidos por rotinas diárias que não permitem que pensemos na morte com o respeito que ela merece. O trabalho, o levar os filhos à escola, à natação, ao karaté, ao futebol, retiram-nos a capacidade de parar um pouco para reflectir o que estamos a fazer neste mundo e, claro — que um dia tudo irá deixar de ter importância porque deixaremos de respirar, de sentir o coração bater ou simplesmente de viver.

Mas existem certos momentos na vida em que, de facto, o nosso subconsciente faz questão de nos avisar que — embora seja um cliché, mas tremendamente verídico — tudo passa rápido de mais e um dia chegaremos ao fim da linha da vida. Sinto que nunca dei demasiada importância à morte enquanto era jovem, mas as coisas mudaram de figura mais recentemente e dou por mim a ter flashes de que o fim já esteve mais longe. E nesse instante uma espécie de terror interior apodera-se de mim e faz-me entender que, efectivamente, temos de dar mais valor à vida. E faz-me igualmente perceber que a morte assusta-me. Até mais do que estaria à espera.

A morte, o acto de morrer, de falecer, de desaparecer deste mundo é algo muito complexo e que tem sido debatido de várias formas ao longo dos anos. Desde experiências para descobrir como retardar a morte, ou mesmo de a contornar, a ciência tem explorado vários caminhos, várias hipóteses de poder prolongar a existência da humanidade. A criopreservação tem sido uma das hipóteses mais estudadas, mas até agora sem sucesso —  mas quem sabe com o surgimento cada vez mais acentuado da IA (Inteligência Artificial) a solução para evitar a morte esteja mais perto do que imaginamos. Há anos que se fazem autópsias para descobrir as causas da morte, e quem sabe a conseguir evitar no futuro.

A morte pode até ser um paradoxo pouco invejável. Se, por um lado, as pessoas tendem a querer evitar a morte a todo o custo, por outro, existem pessoas que essencialmente devido a doença, tentam apressar o fim das suas vidas, recorrendo ao suicídio ou até a eutanásia. E depois da morte, o que haverá? Escuro, silêncio? Ou existirá uma outra vida para viver, surgindo aí a reencarnação? Esta será a pergunta mais badalada de todos os tempos. E como se costuma dizer: só quem lá está é que sabe…

(A quem esteja de facto interessado em aprofundar mais sobre o tema “Morte”, aconselho vivamente a leitura do livro “Enquanto vamos sobrevivendo a esta doença fatal”, do autor Nelson Nunes. Não se irão arrepender, garanto.)