O segredo do Amor é viver num T1

Provavelmente nunca ninguém abordou este tema como eu o irei fazer, mas a verdade é que a cada ano que passa mais certeza tenho da veracidade da teoria que fui desenvolvendo. E essa teoria é: o segredo de um casamento feliz não é manter a chama acesa ao longo dos anos, mas sim viver num T1. Pode transparecer que enlouqueci e que o peso da idade e das noites mal dormidas — provocadas pela paternidade — me levaram a um elevado estado de demência, mas vou desenvolver a teoria neste texto, para que seja mais facilmente compreendido.

Como homem, existe uma espécie de regra masculina que fui apreendendo a respeitar em casa: a mulher, mesmo que assim não o seja, tem quase sempre razão. Esta afirmação não implica assumir que o homem em casa nunca tem razão e que tem a obrigatoriedade de aceitar tudo o que a sua cara-metade diz ou impõe. Mas — e há sempre um manhoso “mas” em tudo na vida — há que saber interpretar uma espécie de papel de marido compreensivo, que aceita as necessidades e vontades e, mais importante que tudo, a autoridade da mulher dentro de casa. É verdade que deve existir igualdade — e é por isso que se designa como “cara-metade” quando nos referimos ao parceiro —, mas há que saber jogar com as situações. É necessário, por vezes, fingir que compreendemos, que entendemos, que sabemos o que sente e do que fala a nossa cara-metade — quando, na verdade, estamos completamente à toa. E é talvez por essa mesma razão que muitos casamentos terminam abruptamente. Porque acima da compreensão, as pessoas não sabem como jogar esse jogo de uma forma natural. E, efectivamente, porque as pessoas optam por se retrair, esconder nos seus próprios pensamentos e não falarem entre si, como casal, como amigos, como simples seres humanos que são.

Mas, à parte de tudo o que implica os truques e a forma de actuar na vida de um casal, existe uma pequena questão que é capaz de ser a mais desestabilizadora, a que está no pódio das quezílias dentro de 4 paredes. E é aqui que eu passo a explicar o porquê da escolha do titulo para este texto. As mulheres tendem a achar que os homens são uma espécie de cães. Não porque querem mandar em nós — e levar-nos à rua fazer as necessidades fisiológicas — mas porque pensam que nós temos uma espécie de apurada audição canina. Isto porque, de uma forma totalmente absurda, a mulher tende a tentar comunicar com o homem não quando está perto de si, mas sempre quando está numa outra divisão da casa. O que origina situações extremamente absurdas e destrutivas para a vida saudável de um casal. Por norma, a mulher vai para outra divisão da casa e lembra-se de que quer dizer alguma coisa ao homem e começa a falar mais alto porque tem a noção de que está longe o suficiente para principiar um diálogo, mas não o absurdo que é em o fazer. A seguir surgem os gritos, porque como não se consegue fazer ouvir, começa a enervar-se. E passados alguns segundos, homem e mulher estão aos berros dentro de casa a tentar ter um diálogo. O que, devo referir, é disparatado e nada saudável e origina discussões igualmente absurdas e sem nexo que levarão a que, em sessões de terapia de casal, o casal se acuse veementemente de não se ouvirem um ao outro e estarem sempre aos berros em casa.

E qual é a solução para este problema?

Não, não é falarem calmamente apenas quando estiverem os dois na mesma divisão da casa — porque isso nunca irá acabar por acontecer de forma natural.

É sim, mudarem-se rapidamente para um T1 se quiserem salvar a relação…