Christian Dior – O Legado de Um Homem Só

Christian Dior é um dos grandes nomes da moda a nível mundial e, embora já todos tenhamos ouvido falar nele, nunca é demais recordar alguns detalhes seus.

Fashion designer francês, nasceu a 21 de Janeiro de 1905 e faleceu a 24 de Outubro de 1957, e é mais conhecido por ser o fundador da marca que adoptou o seu nome. Nasceu em Granville, em França, filho de comerciantes e teve como sonho ser artista plástico, embora os pais pretendessem que este fosse um diplomata. Foi por isso enviado para Paris para estudar Relações Internacionais, apesar de sempre ter demonstrado interesse em estar envolvido no mundo da arte.

Embora desde vendesse alguns dos seus esboços em papel desde muito novo apenas em 1928 as coisas pareceram tomar um rumo mais agradável: abandonou os estudos e foi financiado pelo pai para abrir uma galeria de arte. Ainda jovem começou a frequentar ateliers de pintura e desenho, apesar da sua grande habilidade sempre ter sido desenhar roupas. Com a evolução do seu trabalho, foi conhecendo diferentes pessoas na área que lhe permitiram patrocínios, para produção de algumas peças. O investimento foi claramente bem sucedido e os seus traços e visão do corpo feminino causaram curiosidade e interesse.

Foi Marcel Boussac, uma referencia irrefutável da indústria dos têxteis, que decidiu apoiar, financeiramente, o projecto do designer. Graças a esta prova de confiança, Dior pôde abrir as portas da Dior Fashion House no número 30, da Avenue Montaigne, em Paris. A sua primeira coleção de Alta Costura foi apresentada a 12 de Fevereiro de 1947, com o titulo: New Look. Se restavam quaisquer dúvidas das suas capacidades elas foram desfeitas, nomeadamente pelo seu famoso vestido Corolle que deslumbrou e triunfou graças ao seu design de ponta: cintura alta, peito redondo, ombros estreitos e pernas descobertas.

O sucesso foi imediato e a marca tornou-se mundialmente famosa. Nomes importantes começaram a usar as suas criações, participando ainda na criação de guarda-roupas para filmes como “Stage Fright“, de Alfred Hitchcock.
Além de ser exímio no desenho e produção de roupa, foi um impulsionador da indústria ao criar um departamento de peles, assinar licenças com fabricantes de acessórios e por, em 1947, ter criado o primeiro perfume da marca- Miss Dior.

Nos anos cinquenta mudou as linhas dos seus modelos, aparecendo a silhueta em H, uma figura alta e estreita, destoando da anterior. Foi também nesta época que expandiu o seu negócio para lá do Atlântico, tendo conquistado o mercado americano com a sua boutique na Quinta Avenida e com o aparecimento de um novo produto na sua coleção, o tão conhecido batom “Rouge Dior”.

Em 1957, lançou a sua última linha: fuseau (e não demorou em fazer furor). Morreu a 24 de Outubro de 1957, com um ataque cardíaco, em Itália, sem se saber ainda hoje os eventos que desencadearam tal tragédia. Foi Yves Saint Laurent, que trabalhava há dez anos como assistente de Christian Dior que deu seguimento à marca, tendo criado em 1958 uma nova coleção intitulada de “Trapézio”.

Infelizmente, abandonou o cargo em 1960, tendo sido o lugar ocupado por Marc Bohan, que manteve a tradição, elegância e rigor que caracterizavam a marca, tendo aumentado a gama com outras linhas: Bebé Dior e Christian Dior Monsieur. Seguiu-se a criação da linha de pronto-a-vestir, em 1967, Christian Dior Tricot, em 1968, Christian Dior Homem, em 1970, e pronto-a-vestir de peles, em 1973.

O magnata Bernard Arnault assumiu o controlo da marca e Gianfranco Ferré substituiu Marc Bohan, primando a verdadeira inspiração de Dior, a arquitectura, e dando lugar à criação de roupas com linhas limpas geométricas.

Em 1996, Bernard Arnault convidou o designer britânico John Galliano para diretor criativo. Já conhecido pela sua originalidade e irreverência, foi responsável por ter incrementado as vendas como nunca. Já como director da marca, criou o primeiro vestido em azul marinho, renda e corte direito para a princesa de gales.

Em 1998, foi lançada a primeira linha de jóias para a marca, criadas pela designer francesa Victoire de Castellane. Foram aparecendo vários estilos associados à marca: “New Look”, rock, mulheres Masai e princesas ameríndias. Em 2000, John Galliano, chocou todos com o  desfile “vagabundos”, inspirado nos sem-abrigo com o lema “A Capacidade dos Pobres para se Vestirem”, um choque, que veio a implementar-se mais tarde como grande tendência.

Mais tarde Hedi Slimane foi nomeado para director criativo da Dior Homme, com uma actualização da imagem: um estilo clássico com toque de rock, calças skinny e gravatas finas.

Slimane foi substituído pelo designer belga Kris Van Assche em 2006, apresentando uma nova imagem para homem, tendo aparecido um estilo mais descontraído.

Em Fevereiro de 2011, a marca foi associada a um escândalo e atravessou uma fase complicada. John Galliano foi acusado de fazer comentários anti-semitas num bar em Paris, além de ter sido acusado de agredir o curador de uma galeria, na mesma noite, e de ser verbalmente insultuoso. A marca anunciou então a sua suspensão, citando que a empresa tem tolerância zero em relação ao anti-semitismo.

Em Abril de 2012 foi Raf Simons quem assumiu o comando de director criativo da marca. A sua primeira coleção foi apresentada na semana da moda, em Julho de 2012, tendo sido a sua última apresentada na semana da Moda de Paris deste ano, com a coleção primavera-verão 2016, deixando as portas abertas para o próximo nome que continuará o grande legado iniciado por Christian Dior.

“Elegance must be the right combination of distinction, naturalness, care and simplicity. Outside this, believe me, there is no elegance. Only pretension.” – Christian Dior.