Homem insignificante para relacionamento sério ( ou o contrário )

Nina Simone cantava “Você tem que aprender a levantar-se da mesa quando o amor não está mais sendo servido”. Mas afinal, que sentimento tão nobre é esse, o amor? Será que alguma vez amei ou fui amada? E a paixão, não será um sentimento muito mais interessante que o amor? Intensa, fugaz, prazerosa, inevitável!

O amor acabou ( vamos chamá-lo assim ), cada um segue a sua vida, o seu destino ou o seu fardo, depende da perspectiva de cada um, apagam-se as fotos, as mensagens, o contacto telefónico, deixam de se seguir nas redes sociais, a mulher questiona-se mas não se ilude, substitui as músicas românticas por músicas de empoderamento feminino, frequenta mais vezes o ginásio, vai ganhar dinheiro, vai beber um copo com as amigas, amaldiçoa o ex namorado e os ex a seguir ao último, o amor é lixado. Está mais atenta, não faltam machos, é só olhar à volta, é o simpático da padaria, é o veterinário, é o tipo do supermercado, é o gajo feio do bar, é o jeitoso do instagram e ainda o metido do facebook ( abençoadas redes sociais que retiraram o compromisso real de um relacionamento ), é um cardápio interessantíssimo, Deus dá bênçãos diárias, só não aproveita quem não quer. Por uma casualidade da vida ( ou não ), os dois encontram-se uns meses mais tarde na rua, são dois perfeitos estranhos, não há maior estranheza do que esta?

Honestamente, não faço a porra da mínima ideia do que é que um homem quer! Começo a achar que nem eles próprios sabem e, na tentativa de o descobrirem, vão somando relações e somando também desilusões, porque a mulher quer ser amada, mas não quer um meio homem! Ou és um homem a sério ou não és, não existe meio homem. Se queres a teu lado uma mulher que te ama, não podes ser o mas da relação, é bonito mas não é culto, é carinhoso mas é preguiçoso, é trabalhador mas não é romântico, é inteligente mas é péssimo na cama, é divertido mas é imaturo, será assim tão difícil para um homem ser um homem a sério? Eu admiro as mulheres, a rapidez com que se apaixonam mesmo sabendo que os homens são limitados.

A minha mãe é que estava certíssima, quando um dia destes lhe disse que já tinha namorado, ao qual ela respondeu: Foda-se, nem deixas arrefecer! Não, mãe, estou a brincar, Deus me livre de tal maleita! É, filha, mais vale solteiras do que chateadas, respondeu ela. E eu, na minha incessante procura pela alma gémea, deve estar preso num multiverso qualquer ou na terceira reencarnação da alma, tristemente começo a duvidar da existência da criatura, tinha a esperança de o encontrar numa livraria a desfolhar um livro de José Saramago, ou num recital de poesia a declamar Almeida Garrett, mas pelo andar da carruagem o mais provável é que o encontre no manicómio. Boa sorte para mim!