Monólogos que à partida parecem diálogos… ou nem por isso… – Ricardo Espada

Quão fantástico, têm sido para vocês estes primeiros dias de Verão? E quão parvo, ou estúpido, será começar um texto com a palavra «quão»? Provavelmente, muito parvo. Ou será mais estúpido? Um dos dois será com toda a certeza. Isto se não forem os dois! Sim, é provável que sejam os dois. Mas pode sempre ser um pouco mais estúpido do que parvo. Ou, então, ser um pouco mais parvo do que estúpido. Agora estou indeciso… Porra! Indeciso e baralhado! Estávamos a falar do quê, mesmo? Ah! Sim, do Verão, e de quão bom têm sido estes primeiros dias de sol e temperaturas elevadas. Para vocês não sei, mas para mim têm sido bastante bons. Trabalhar ao sol, suar que nem um porco no espeto, é sempre agradável… não é? Pois, dizem que sim…

Mas não é sobre o Verão que eu quero falar. Estava mais inclinado para dissertar sobre um pequeno dilema pessoal. Algo que me acontece diariamente, mas que só agora consegui parar um pouco para pensar sobre isso, chegando a uma triste conclusão: tenho andado a fazer figura de parvo! Tenho mesmo andado a fazer figura de parvo, mas o que vale é que ninguém se apercebeu disso – sem ser eu, é claro. «Ó Ricardo, a sério rapaz… Mas estás a falar do quê?», será o que os leitores do +oPinião estarão a pensar neste momento, não é? Tudo bem, eu explico.

Isto tem acontecido comigo, mas tenho a certeza que, com alguns de vocês, também já se sucedeu. Se não se tiver sucedido, então sou eu que sou muito estranho e aquele pesadelo que eu tive em que era, literalmente, raptado por extraterrestres – em que eles implantavam qualquer coisa no meu cérebro – não era, de facto, um pesadelo e sim, a mais pura e dura realidade. Se isso se confirmar, por favor, avisem-me. Vocês já repararam que, de manhã, quando acordamos e tratamos da nossa higiene pessoal, é costume travarmos autênticos diálogos com o nosso estômago? Ele farta-se de roncar e fazer barulhos estranhos e nós respondemos. O que resulta num diálogo mais ou menos assim:

Ricardo (espreguiçando-se): Ai, ai… O que custa acordar a estas horas para ir trabalhar…

Estômago (ronca): Ronk! Ronk!

Ricardo (colocando as mãos na barriga): Ui! Hoje estamos muito barulhentos… Ai, estamos, estamos…

Estômago (ronca): Ronk! Ronk!

Ricardo (apontando com o dedo indicador para o estômago): Calma! Vamos já tratar de ti, meu rapaz…

Estômago (ronca): Ronk! Ronk!

Ricardo (abanando a cabeça): Pronto! Eu já trato das necessidades fisiológicas… Vamos lá alimentar o menino, que ele está muito impaciente, hoje!

Estômago (ronca): Ronk! Ronk!

Ricardo (Exaltado!): Já ouvi! Anda lá até à cozinha que eu faço-te umas belas torradinhas e um cafezinho com leite… PORRA!

Depois de alimentar o menino, ele continua a fazer barulhos na mesma, sem parar. O que me leva a pensar que, o meu estômago, é um raça de um glutão do pior! Nunca está satisfeito, e está sempre a pedir por mais… e mais… e mais! E sabem porquê? Porque são gases! Não é fome, são gases! O estômago não está a reclamar por mais comer, mas sim, a expulsar os gases para os intestinos, para depois saírem pelo… OK! Acho que não preciso de pormenorizar até ao limite. Vocês – como pessoas super, mega e hiper inteligentes! – já terão percebido onde quero chegar… E mais, meus amigos… A conversa entre a pessoa e o seu estômago, nunca é um diálogo, mas antes um simples monólogo… O estômago está marimbando-se para o mundo, pá… Ele quer é ser alimentado e o resto que se lixe… Agora, diálogos? Isso não é para ele…

Volto a reforçar que, se isto apenas acontece com a minha pessoa, por favor, avisem-me… Queria deixar de fazer figura de parvo… Nos dias de hoje, sabe-se lá quem nos poderá estar a espiar em casa, sem nos apercebermos… Tipo – extraterrestres, e tal… (Entenda-se «extraterrestres»: CIA, ou FBI… Eles é que andam a espiar a malta, certo?)

Até para a semana, malta catita! Ficai bem!

 


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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