Parabéns Sr. Monopólio!

Há 80 anos a monopolizar as nossas casas verdes… os nossos hotéis vermelhos… a desejar uma valente dor de barriga a quem “calha” no “Parque” e a levar as nossas contribuições que tanto nos custou pagar… realmente devemos tirar o chapéu a este senhor tão mundial e jovem. Entre dinheiro e imóveis, conquistas e hipotecas, impostos e reembolsos, sorte e azar… em menos de nada, todo o serão fica entregue à espiral do imaginário de um império – O império do Tabuleiro Monopólio!

Desde 1935 a conquistar mais de um bilião de pessoas, este famoso jogo não abdica nem da sua juventude nem da sua história. Afinal, podemos encontrá-lo em imensas adaptações, desde a versão vintage, à versão online, desde a versão clássica à versão infantil… E muito mais se seguirá, certamente.

Além da sua componente de entretenimento, o jogo Monopoly é um estimulador do nosso lado mais competitivo em contexto  “empresarial”, acartando consigo todo um conjunto de instintos territoriais, supremacistas, conquistadores e audazes. Na verdade, não é assim o mundo real dos negócios? Um aproveitar das fraquezas da concorrência para erguer um império absorvente?

Em contexto infantil, é verdade que este jogo estimula o conhecimento e manipulação de dinheiro. Contudo, este jogo trabalha factores humanos que trespassam o conhecimento matemático.

Adaptar este jogo para crianças forneceu-nos uma ferramenta muito interessante, enquanto pais e educadores, para percebermos pormenores acerca da personalidade dos nossos filhos. Conhecemos os seus comportamentos em contexto escolar, familiar, desportivo, de lazer… e em contexto empresarial? Serão eles demasiado passivos? Ou terão eles, algures lá dentro, nos seus pequeninos corpos um lado financeiramente rebelde e voraz? Como reagirão perante a conquista, e uma repentina perda, por causa de um descuido? E por causa de um azar? E vice-versa?

Mesmo entre nós, adultos, é bom sabermos em que categoria nos inserimos. Somos agressivos o suficiente para lutar contra frustrações financeiras? Somos passivos demais perante a imposição de poder de que somos alvo?

Apesar de praticamente todos os jogos trabalharem componentes emocionais (como a frustração, celebração e partilha) bem como algumas componentes escolares, o jogo Monopoly consegue acrescentar um vector muito pertinente: um estágio para a vida real – uma vida monopolizada pelo octopus também chamado de Economia.

Jogo Monopoly com as minhas crianças? Jogo, sim. Além de nos divertirmos , sei que os estou a expor de forma didática a uma realidade da qual, infelizmente, não os posso excluir. Mas posso ir tentando preparar e imunizar…

Vai um joguinho?

Nah, nah… O Rossio é meu!