Os homens são como os autocarros

Há alguns meses, alguém, não me lembro ao certo quem, a propósito de uma conversa sobre as qualidades masculinas, proferiu um sábio ditado: Os homens são como os autocarros, perde-se um, apanha-se o próximo! Autocarro, camioneta, metro ou comboio, tanto faz, por vezes interessa mais a qualidade que a quantidade, mas isso é tema para outra crónica.

Eu, Castro, que ando a curtir a minha solteirice há algum tempo, venho a constatar alguns factos acerca da raça masculina, que enquanto mulher casada e respeitada não me tinha apercebido. Após algumas abordagens nada épicas e seriamente aborrecidas, tenho um recado florido para os homens que me lêem e para os que não lêem também: Eu desculpo a vossa falta de originalidade e vocês perdoam o meu pouco entusiasmo!

Os homens devem pensar que as mulheres andam desesperadas! Não andamos, queridos! Se assim fosse, vocês teriam alguma hipótese, mas não, falta-vos em bom senso o que excedem em imbecilidade, já se viram ao espelho? Não falo em beleza, mas sim postura cavalheiresca! A propósito de ser cavalheiro, conto uma história da minha adolescência que talvez ajude a elucidar as mentes mais pequenas. Eu tinha 15 anos quando tive o meu primeiro namorado, o Luís tinha 16 anos e era um namorado super querido, educado e meigo, nós tivemos uma relação muito bonita até eu ficar com o fogo no rabo e trocá-lo por um chavalo mais feio, bem, adiante, o Luís tinha perdido a mãe por doença quando ele era pequeno, portanto, ele não teve uma figura materna ao longo do seu crescimento para o ensinar como tratar uma mulher, mas, quando eu fiz 16 anos o Luís levou-me a um prédio abandonado, subimos até à cobertura e, sob o céu, ofereceu-me uma aliança de compromisso, repito, ele tinha 16 anos, nos dias de hoje gajos de 40 anos convidam uma mulher para sair e nem sabem aonde a levar a jantar! Só podem estar a brincar comigo!

Eu não vou ensinar um tipo de 40 ou 50 anos como é que se deve comportar perante uma mulher! Não tenho paciência para marmanjos que não percebem nada de mulheres e se acham os maiores engatatões. Pergunto que tipo de relações estes homens tiveram para terem determinados comportamentos. A questão crucial nos relacionamentos actuais é fácil de resolver: As mulheres pensam muito com o coração e pouco com o cérebro, desvalorizamos atitudes incorrectas e imaturas, deixamos a exigência de lado em nome do amor, qual amor qual carapuça! Amor é por nós próprias, porque se eu me respeitar e se me amar, se eu estiver de bem com a minha vida, podem ter a certeza que a pessoa certa chega até nós, enquanto não chega sosseguem a alminha e o corpinho, há gajos que não valem nem o nosso bocejar de aborrecimento.

Antagonismo ( para não dizer ridículo ) é o que me ocorre quando debato este tema: Eu trabalho, estudo, vivo num apartamento sozinha, pago as minhas contas, faço as coisas que eu quero e que eu gosto e vou sair com um tipo que vive com os paizinhos porque se acomodou e não consegue viver sozinho? Não quero! Teve uma vida difícil, coitadinho, não fez a ponta de um corno a vida toda, um dia traz a escova de dentes, no outro dia os chinelinhos, na semana a seguir as cuecas e quando damos conta, está a viver na minha casa, a usufruir sem qualquer esforço dos bens que comprei com o meu trabalho árduo! Na minha casa não! Educo os meus filhos para serem independentes e vou mudar fraldas a pacóvios que precisam de validação a toda a hora? Não me apetece! O meu filho de 17 anos já sabe cozinhar e a mãe vai sair com um gajo que nem um tacho de arroz sabe cozinhar? Nem pensar! Os meus filhos arrumam a casa, passam a ferro, vão às compras, lavam a louça e a mãe vai namorar com um tipo carregado de filhos e que não vive com nenhum porque é um pai incompetente? Era mais o que me faltava! Não sabem estar, não sabem falar, não sabem escrever, não têm postura, não são educados, respeitadores, cavalheiros, o cabelinho cheio de gel e as calças a cair pelo rabo, não têm aonde cair mortos e acham-se a última bolacha do pacote e, para terminar a adjetivação positiva em beleza, trocam o há por à, não tenho paciência, podem ir à merda e por lá ficar.

O meu pai, na sua alta sabedoria de um homem de 72 anos, quando me questionou se eu tinha namorado e a resposta foi negativa, disse-me: Os homens são todos uns totós, uns mais outros menos, mas somos todos uns totós. Concordo, como escrevi no primeiro parágrafo: Os homens são como os autocarros, perde-se um, apanha-se o próximo…ainda acrescento: E que o próximo não demore a chegar!