5 Séries Que Mereciam Mais Uma Temporada

Dizem os entendidos da Psicologia que os seres humanos têm uma necessidade muito particular de encontrar um chamado closure (fechamento) na maioria dos fenómenos que enfrentam ao longo da vida. Há um sentimento quase inato que dita que precisamos de obter respostas finais que nos permitam fechar “histórias” ou “casos”. E as séries e os filmes não são excepção, pois claro! São muitas as séries que pedem um fim muito antes de estarem realmente acabadas e os fãs não perdoam (*coff coff* How I Met Your Mother *coff coff*).

No sentido oposto, onde cabe o estranho luto pelo fim de algumas séries? (quem nunca?). São muitas as séries que acabam com imensas respostas por dar, deixando alguns fãs à beira da loucura. Com estas duas (e bem opostas) ideias em mente, torna-se díficil para este humilde cronista trazer uma lista coerente para todos os gostos. Afinal de contas, é praticamente impossível agradar a gregos e troianos.

Não podemos esquecer as milhentas razões que levam as séries a acabar: as audiências, a falta de orçamento, os erros na promoção ou simplesmente o esgotamento criativo. Todos os anos vejo séries com potencial a falhar redondamente e sem conseguir solidificar a sua posição. E isto porquê? Pela elevada competitividade verificada dentro do universo das séries de TV, palco para o qual a maioria dos grandes do cinema se estão a voltar. A lista que lhe apresento é tudo menos consensual, mas é também um tentativa de escapar às quatro razões que lhe apresentei acima. That being said, vamos a isto?

Deadwood (2004-2006)

Vivemos numa era em que o Western têm cada vez menos expressão, com uma escassez que acaba por resultar em fracas adaptações (com a excepção do 3:10 To Yuma, uma das melhores de sempre). Em teoria, criar uma série Western em 2004 era sinónimo de fracasso. Mas com a HBO no leme… o oposto aconteceu, como seria de esperar.

Um drama passado no final do século XIX em Deadwood, Nort Dakota, a série conta com o grande Ian McShane, assim como Timothy Olyphant e o recentemente falecido Power Bothe. Apesar do tema ser bem clássico (uma terra de bons e maus, com muita corrupção à mistura), Deadwood conquistou uma enorme legião de fãs, alcançando vários Emmy’s e um Globo de Ouro pelo caminho.

As razões do cancelamento? Um mistério que perdura até aos dias de hoje, com razões contraditórias a circularem na internet. A teoria mais coerente parece ser a dos custos crescentes da produção da série que ao fim de 3 temporadas se tornaram excessivos. But what to I know? Mais de dez anos depois, as notícias não poderiam ser melhores: Ian McShane deu luz verde para a quarta temporada. Resta saber se a HBO vai voltar a pegar nesta verdadeira pérola do faroeste.

Friends (1994-2004)

Ok, estou pronto para levar com os haters. Há muita gente que não quer isto. E eu entendo, especialmente porque comeram com How I Met Your Mother (não sou fã) durante vários anos e não lhes custou tanto a engolir o facto de já não haver Friends *sniff sniff*…

A série “sofre” do mesmo “problema” de Seinfeld: acaba bem, bem lá no alto e sem deixar grandes pontas soltas. Mas deixa sempre um amargo de boca, porque apesar de haver um certo foco na narrativa em si, existiram tanto episódios parvos (e excelentes) por si mesmos, que a minha vontade sempre foi de ver mais, mais e mais. Talvez não goste dos happy endings, ou talvez seja só mais uma das minhas manias.

Friends foi um sucesso gigantesco em todo o mundo e ainda hoje é apresentado massivamente em vários canais espalhados pelo planeta. Ainda passa na televisão americana a toda hora (foi assim que recuperei o vício), nas linhas aéreas (been there) e continua a não perder o fulgor. Existiram várias propostas de renovação para uma 11ª temporada, mas é muito pouco provável, com Matthew Perry (o nosso amigo Chandler) a rejeitar a ideia durante a reunião do elenco em 2016. Vamos ver!

Futurama (1999-2003; 2008-2013)

Este caso é mais complicado. Se os leitores têm acompanhado as minhas crónicas, saberão concerteza que sou um grande fã dos Simpsons, sendo que fui arrastado para o Futurama com relativa facilidade, especialmente quando é o Matt Groening que está a mexer os cordelinhos. E porque é esta série é um caso diferente? Talvez o facto de ter sido cancelada duas vezes e de ter saltado de canal em canal durante vários anos, culminando num dos negócios de direitos televisivos mais berrantes de todos os tempos.

Com um primeiro cancelamento em 2003, seguiram-se filmes e um revival entre 2010 e 2013, a segunda vaga soube a pouco e deu a sensação que poderiam existir mais episódios, dada a qualidade mantida durante as últimas três temporadas da série. Ao que parece a intenção é continuar a série, mas já lá vão quatro anos e uma nova temporada tarda em aparecer…

Spartacus (2010-2013)

Tinha de ser, não é? Este é claramente o caso mais improvável deste top, por várias razões, entre as quais o tipo de final apresentado. Fiel à história dos lendário guerreiro-escravo, a produção da Starz fez tudo o que pode para ultrapassar a morte the Andy Whitfield, o actor que deu vida a Spartacus na primeira temporada a série.

Apesar da prequela apresentada enquanto Whitfield combatia a forma de cancro muito agressiva, o falecimento do actor deixou um grande pesar na equipa e no elenco, algo admitido por vários vultos da série. Mesmo assim, Spartacus teve direito a mais duas temporadas com um novo (e melhor, no offense) actor na pele da personagem principal, Liam McIntyre.

É uma grande pena ver terminar quase que à pressa uma série que podia ter dado mais duas ou três temporadas, e que poderia vir a construir uma base de fãs ainda mais consistente. Mesmo sabendo as razões mais que válidas apresentadas pela Starz para o fim da série, fica uma grande grande amargura…  que em conjunto com o potencial da histórica aventura de Spartacus, dão que pensar no que poderia ter sido se a narrativa tivesse sido um pouco mais desenvolvida.

Firefly (2002-2003)

Não, o Nathan Fillion não fez de Castle desde pequenino. Bem, antes de sonhar com um papel que o pôs de volta no horário nobre da televisão americana, o actor canadiano participou numa das melhores, e mais curtas, séries de ficção científica alguma vez lançadas. Firefly é um dos grandes casos de uma série excelente que agora se compara a um diamante imaculado numa exposição muito bem protegida: todos gostariam de ver mais de perto mas os donos têm medo que se estrague.

Neste caso existe um enorme braço de ferro (digital, pois claro!) entre o criador da série, Joss Whedon, e a comunidade gerada pela temporada solitária a que a série teve direito. Whedon, o responsável por Buffy, The Vampire Hunter e pela série de filmes Avengers, nega quase todos os anos a continuação de Firefly. Basicamente, a série é vista com um caso de sucesso pelo facto de não ter estado no ar o tempo suficiente para ser “mandada abaixo”.

Houve Serenity em 2005, pois claro. A sequela em forma de filme acabou por surgir e mostrou grande qualidade. Mas a partir daí nunca mais… façam lá a segunda temporada. Nenhuma série pode ser perfeita.

Não sou pelos finais felizes, já chega disso. Temos tido várias séries a fazerem o breakthrough deste esterótipo, começando muitas vezes logo no primeiro episódio. Cria-se um estigma que as coisas têm tem de ter um fecho (que tem de ser bom), sendo que na maioria das vezes o público só pede mais quando o fim não é feliz.

O que vale é que a floresta de séries é de tal maneira gigante, que vão surgindo algumas pérolas a atentar. Mas não nos esqueçamos destes clássicos. Porque não mais uma temporadazinha? Claramente não falo por todos, mas fica a minha opinião. Porque nada se constrói sem erros, e são muitas vezes esses erros que “alavancam” os melhores dos melhores no pequeno ecrã. Bons filmes e boas séries, meu amigos! Toca a aproveitar o resta deste Verão!

Hasta La Vista, Baby!