Até Sempre Nicolau Breyner

João Nicolau de Melo Breyner Lopes (ou simplesmente Nicolau Breyner para todo um povo) foi um dos maiores actores e realizadores portugueses de sempre. Nasceu em Serpa a 30 de Julho de 1940 e mudou-se muito cedo para Lisboa com os pais, onde estudou no Liceu Camões. Mais tarde, ingressou na Faculdade de Direito, com o objectivo de seguir diplomacia. Contudo desistiu do curso de Direito e optou por ir para o Conservatório Nacional, primeiro no curso de Canto e depois no curso de Teatro.

Foi Nicolau Breyner o primeiro a apostar em Herman José ao convidá-lo para o acompanhar na dupla "Senhor Feliz e Senhor Contente"
Foi Nicolau Breyner o primeiro a apostar em Herman José ao convidá-lo para o acompanhar na dupla “Senhor Feliz e Senhor Contente”

Enquanto frequentava o Conservatório, estreou-se como actor numa peça de teatro, começando assim uma carreira prodigiosa. Depois do 25 de Abril de 1974, surgiu o seu primeiro programa na televisão, chamado “Nicolau no País das Maravilhas”. Foi precisamente nesse seu programa que surgiu uma das duplas mais famosas de sempre da televisão portuguesa. Conhecida simplesmente por “Senhor Feliz e Senhor Contente” Nicolau Breyner apareceu ao lado de um jovem alemão, desconhecido de tudo e todos, de seu nome Herman José (sim, é ao Nicolau Breyner que temos que agradecer por termos o Herman José).

No início da década de oitenta surge como actor mas, igualmente, como director de actores e co-autor do guião da primeira novela portuguesa, “Vila Faia”, decorria então o ano de 1982. Posteriormente fundou a sua própria produtora de televisão, a Nicolau Breyner Produções (conhecida apenas como NBP Produções), hoje Plural Entertainment, onde exerceu o cargo de Administrador, Produtor e Realizador.

A representação esteve sempre presente ao longo dos anos, nomeadamente em várias sitcoms como o “Eu Show Nico”, “Euronico” ou mesmo “Nico D’Obra”. Participou também em algumas séries como “A Ferreirinha”, “João Semana”, “Quando os Lobos Uivam”, “Pedro e Inês” e mais recentemente “Equador”. Nos últimos anos da sua inigualável carreira fez inúmeros papeis em novelas, destacando-se “O Beijo do Escorpião”, “Jardins Proibidos” ou “Meu Amor”, uma novela vencedora de um Grammy, tornando-se a primeira novela portuguesa a conseguir tão importante distinção internacional.

No cinema, ao longo da sua longa e próspera carreira, participou quase em cinquenta filmes (feito digno de nota num país tão pequeno quanto Portugal e onde a produção cinematográfica é tão reduzida). Pelas suas prestações no grande ecrã recebeu três Globos de Ouro para “Melhor Actor”, com o filme Os Imortais (em 2004), Kiss Me (no ano seguinte, 2005) e O Milagre Segundo Salomé (também de 2005).

Mais recentemente foi galardoado com o Prémio Áquila de “Melhor Realizador” pelo filme 7 Pecados Rurais (de 2013). A nível internacional tem de ser destacada a sua nomeação para um Ninfa de Ouro na categoria de “Melhor Actor Numa Série de Comédia” no Festival de TV de Monte Carlo pela sua participação em Compadres (de 2011).

A 14 de Março de 2016, aos 75 anos, faleceu na sua casa de Lisboa, vítima de ataque cardíaco. Para além da sua fantástica obra enquanto artista fica a memória da sua enormíssima pessoa assim como a sua visão do mundo que marcou, marca e certamente marcará no futuro gerações, que com as suas obras cresceram e aprenderam a admirar.