Furacão, fique a conhecer melhor este fenómeno da natureza

Caro leitor, cara leitora, desde que escrevo para o Ideias e Opiniões que trago até si os mais variados temas. Este mês cabe-me a mim explicar-lhe o que é um furacão, esse fenómeno da natureza cada vez mais frequentes.

Comecemos por tentar simplificar os termos. Sabia que um furacão é um ciclone tropical, tal como um tufão ou um ciclone? Então o que é que os distingue?

À partida diríamos que a explicação não é fácil, mas aquilo que consegui apurar é que a palavra que se aplica a cada situação vai depender da região do planeta em que ele ocorre.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera indica que são furacões quando ocorrem no Oceano Atlântico Norte, Golfo do México, Caraíbas e região leste dos Estados Unidos. Será um tufão quando atingir o Oceano Pacífico Norte, na região Oeste dos Estados Unidos, Japão e China. Quando falamos da região sudoeste do Oceano Pacífico, Austrália, Nova Zelândia ou Indonésia, estamos perante um ciclone.

A atribuição da tipologia do fenómeno depende também da velocidade que os ventos atingem. Até aos 63km/h estaremos a falar de uma depressão tropical; dos 64 aos 118km/h será uma tempestade tropical e a partir dos 119 km/h é considerado furacão.

É necessário que estejam pelo menos reunidos cinco fatores para se confirmar que estamos na presença de um furacão: um ciclone tropical a perturbar a atmosfera, que ocorra no oceano quente e que as águas estejam a uma temperatura a cerca de 27º, que aconteça numa extensão de pelo menos 50 metros de profundidade e se mantenha durante um longo período de tempo, e ainda que os valores de humidade sejam muito altos nas regiões mais inferiores da troposfera e que o vento sopre a baixa velocidade e sem muitas variações de intensidade e direção nas camadas altas da troposfera.

Um furacão tem três componentes: olho, parede e bandas de precipitação. O olho traduz-se no centro em torno do qual se movem as nuvens que compõem o furacão e onde se verificam as pressões atmosféricas mais baixas e as temperaturas mais altas de todo o fenómeno meteorológico.

Em torno do olho temos a parede. É nessa região que ocorrem os movimentos de convecção em que as massas de ar mais quente sobem por serem menos densas, enquanto as massas de ar mais frias descem por serem mais densas. A parede do olho é, portanto, onde se verificam os ventos mais velozes e devastadores.

Por fim as bandas de precipitação, que, como explica o Observador: são como braços de nuvens em espiral que saem da parede do olho e giram em torno do centro da tempestade.

Assim como temos a fase de Charlie, que nos indica qual o espaço de tempo mais propício à ocorrência de incêndios, também há uma delimitação da altura do ano em poderá ser mais provável acontecer um furacão. No Oceano Atlântico a época dos furacões começa oficialmente a 1 de junho e termina a 30 de novembro. Este período foi estabelecido porque, embora um furacão se possa desenvolver fora destas datas, estima-se que 97% deles nasce, evolui e morre nesse intervalo de tempo.

Recentemente em Portugal sentiram-se os efeitos da passagem do furacão Leslie. Se houver outro ainda este ano ser-lhe-á atribuído o nome Michael. Sim, viu bem, são nomes de pessoas, cidadãos comuns, mas nem sempre foi assim. Até ao início dos anos 50, não recebiam nome, seria uma espécie de código com o ano em que nasciam e a ordem para a qual evoluíam. Só a partir do final dos anos 70 é que se começaram a atribuir nomes de pessoas.

Como é que a atribuição de nomes acontece?

Não tem nada que saber, as listas são organizadas e atualizadas através de um comité internacional da Organização Meteorológica Mundial com regras apertadas. Tudo indica que as seis listas são recicláveis e usadas num regime de rotação. Os nomes que constam na lista deste ano vão ser os mesmos que serão usadas daqui a seis anos, em 2024. Cada lista tem 21 nomes. Se houver mais do que 21 tempestades tropicais, as que ocorram depois, recebem o nome de uma letra do alfabeto grego — Alfa, Beta, Gamma, Delta, e assim sucessivamente.

No entanto, embora sejam atribuídos nomes, poderá haver situações em que o nome é removido dada a gravidade que os furacões tiveram. No ano passado, a lista viu-se diminuída com a saída dos nomes Harvey, Irma, Maria e Nate.

O furacão que causou mais estragos foi o Katrina que em 2005 assolou Bahamas, o sul e centro da Flórida, Cuba, Louisiana, Mississipi, Alabama e parte do este da América do Norte. Os estragos foram avaliados em cerca de 180 mil milhões de dólares e cerca de duas mil pessoas mortas. O furacão Maria também tem números expressivos. Morreram 3057 pessoas e causou prejuízos num valor superior a 91 mil milhões de dólares.

É assustadora a forma como este tipo de fenómenos está a crescer a olhos vistos. É um dos reflexos das feridas que a natureza tem, causadas por nós, que não a sabemos respeitar ou manter.

Espero que esta crónica o/a tenha ajuda a compreender um pouco melhor o que são os furacões e espero que não voltemos a falar de um tão depressa.

Nota: esta crónica é baseada na informação recolhida num artigo do Observador.

 

Voltamos a encontrar-nos em breve, por entre linhas e sorrisos.

Margarida Gaspar