Melhores Discos Internacionais de 2015

O ano de 2015, está a chegar ao fim e com o aproximar do dia 31 de Dezembro surgem as habituais listas de melhores do ano. De livros, a filmes, passando por jogos e por música, todas as categorias merecem uma lista de melhores do ano. A música, será como sempre o grande destaque, e assim apresento a lista de melhores discos que ouvir durante este ano. A pop, não foi esquecida, o rock também não, existe ainda espaço para a soul, e para alguns projectos alternativos. Apresentamos assim os melhores discos de 2015. A lista inclui 10 discos, e em décimo lugar:

10.º Django Django – “Born Under Saturn”

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A banda inglesa de indie/art rock, com um toque de psicadelismo, surpreendeu o mundo em 2012, com o magnífico registo homónimo de estreia, que nos apresentou uma sonoridade bem diferente do que estávamos habituados, e que podemos definir como o som dos Django Django. “Default” ainda hoje ecoa na nossa cabeça! Foram necessários, contudo três anos para editarem o sempre difícil segundo disco. A expectativa era alta, as dúvidas imensas. Conseguiriam inovar? “Born Under Saturn”, desfez todas as dúvidas, e trata-se de mais um belíssimo disco. Talvez não tenham inovado, mas aprimoraram a fórmula vencedora e passaram no exame com distinção. Editado novamente com o carimbo da editora “Because Music” (de Hanni El Khatib, Metronomy, entre outros), encontra-se recheado de grandes canções, “First Light” assume-se mesmo com uma das melhores deste ano.

9.º Belle and Sebastian – “Girls In Peacetime Want to Dance”

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Os escoceses Belle and Sebastian praticamente dispensam apresentações. Com quase duas décadas de carreira, a banda de indie pop liderada pela carismático Stuart Murdoch, lançou este ano o nono disco de estúdio. E mais uma vez inovaram, reinventando-se, mas continuando a ser os Belle and Sebastian. “Girls in Peacetime Want to Dance”, mostra-nos uma banda menos introspectiva, mais expansiva, mais feliz, mais alegre e isso reflecte-se na sonoridade que nos convida para uma verdadeira festa onde só nos apetece dançar sem parar. Desengane-se quem possa pensar que não gostamos dos Belle and Sebastian de “The Boy With the Arab Strap” e “If You’re Feeling Sinister”, gostamos e muito! Mas os Belle and Sebastian de 2015 editaram um grande disco, actual, e que conta com músicas como “The Party Line”. O álbum ficou a cargo da prestigiada Matador Records (de Savages, Interpol, Pavement, etc).

8.º Sufjan Stevens – “Carrie & Lowell”

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Sufjan Stevens, assume-se como um dos mais notáveis singer-songwriters da sua geração. Se houvesse alguém que poderia eventualmente duvidar desta afirmação, “Carrie & Lowell”, é a derradeira prova disso mesmo. Em 2010, “The Age of Adz” foi unanimemente considerado um dos melhores discos desse ano, e foram precisos cinco anos para nos podermos deleitar novamente com um álbum do talentoso americano. Se o antecessor nos demostrava um registo repleto de experimentalismo, e alguma electrónica, este  “Carrie & Lowell” mostra-nos um cantor mais exposto, emotivo, profundo e até vulnerável, mas igualmente brilhante. Indie folk de primeira linha, servido pela voz inconfundível de Sufjan Stevens, e gravado sob o selo da editora independente Asthmatic Kitty. Os momentos altos do disco são inúmeros, mas não podemos deixar de destacar a apaixonante “Should Have Known Better”.

7.º Courtney Barnett – “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit”

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Uma das estreantes desta lista (e que estreia!): falamos da australiana Courtney Barnett, cantora e compositora de Indie Rock, que apesar de editar em 2015 o seu primeiro LP, já possui alguma experiência. Editou três EP’s, o primeiro dos quais em 2011, e logo aí despertou a atenção da crítica especializada que chegou a nomeá-la como um dos nomes a seguir no futuro, e de facto tinham razão. Este ano lançou o tão aguardado primeiro álbum, “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit” e conquistou o público e a crítica, sendo mesmo uma das grandes vencedoras dos ARIA Music Awards (prémios de música australianos), arrecadando quatro galardões, entre eles Melhor Artista Feminina, Artista Revelação e Melhor Álbum Independente. A editora responsável, foi a Mom+Pop Music, que no seu cardápio conta com nomes como Andrew Bird, Poliça e Neon Indian. “Pedestrian at Best” é absolutamente imperdível.

6.º Father John Misty – “I Love You, Honeybear”

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Joshua Tillman, singer-songwriter de Indie Folk, ex-membro dos Fleet Foxes, é um daqueles artistas talentosos de mais que precisa de diversos projectos para dar largas à sua criatividade. Assim surgiu o pseudónimo Father John Misty. Sob este nome artístico estreou-se em 2012 com “Fear Fun” e regressa agora com o segundo disco “I Love You Honeybear”. À medida que conhecemos mais e mais, e mais, da obra de J. Tillman, chegamos à  conclusão que não sabe gravar maus discos, pelo contrário, tudo aquilo em que toca se transforma em “ouro musical”.  “I Love You Honeybear” é um dos melhores discos do ano, produzido por outro nome que muito apreciamos, o cantor Jonathan Wilson e lançado pela editora Sub-Pop (Nirvana). Composto por onze canções, demonstra uma subtileza que nos encanta à primeira audição. Apresentamos a faixa que dá o título ao disco.

5.º Grimes – “Art Angels”

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É com certeza o disco mais conceptual desta lista, o mais experimental, mas talvez o mais interessante e mais fora do contexto. Grimes, assume-se como uma das artistas mais inovadoras da actualidade. Para quem não a conhece falamos de Claire Elise Boucher, canadiana de 27 anos. A sua música é uma mistura de tudo um pouco e de nada em particular, vai desde a Dream Pop, à electrónica, passando pelo experimental. Há muito que despertou a nossa atenção: em 2010 editou dois álbuns que passaram algo despercebidos, mas em 2012 lançou o LP “Visions” e os focos de luz passaram a iluminá-la, mas ao contrário de muitos outros artistas, não se vendeu, não mudou o seu estilo peculiar, e a sua música irreverente. Este ano com “Art Angels”, explode definitivamente no panorama musical alternativo. Este disco poderia bem ser a banda sonora de um qualquer filme de animação japonês, contudo não o é e trata-se apenas de um dos álbuns mais surpreendentes deste ano. Edição a cargo da 4AD (Bon Iver, Daughter, Future Islands e The National entre outros).

4.º Björk – “Vulnicura”

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Björk, não pára de surpreender a cada disco, e quando pensamos que já vimos e ouvimos tudo, eis que a islandesa surge e inova mais uma vez. A arte de Björk não tem limites e “Vulnicura” é a prova disso, apesar de não ser consensual, isso ainda lhe traz mais encanto, porque continua a procurar fazer música que gosta e ser fiel a si própria. Não será o melhor disco da sua carreira, nem o mais conceptual, mas é sem dúvida mais um marco na sua brilhante discografia. Mais de 35 anos de carreira, divididos por nove LP’s, em que cada um revela uma nova faceta da cantora/artista. “Vulnicura”, assume-se como um dos seus discos mais pessoais e sinceros, “conseguimos ouvi-la e senti-la por dentro”. Muito mais que um disco, é uma obra de arte de um nome incontornável. O carimbo, esse pertence à One Little Indian Records (Ásgeir e Fufanu). O videoclipe que serve de mote foi literalmente filmado dentro da sua boca.

3.º Benjamin Clementine – “At Least For Now”

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Mais outra estreia nesta lista. “At Least For Now” marca o auspicioso debut de Benjamin Clementine, cantor, compositor e pianista inglês. Já foi descrito como “a voz aristocrata proveniente das ruas” e para descrevermos a sua música podemos pensar numa reencarnação de Nina Simone. A sua presença é altiva e simultaneamente frágil, imponente e ao mesmo tempo humilde. Ao vivo apresenta-se de pés descalços, sentado ao piano e é o suficiente para arrebatar uma plateia. Em disco apresenta-se irrepreensível, dono de uma das melhores e mais poderosas vozes que surgiram nos últimos anos, repleta de soul, remetendo-nos frequentemente para a música clássica/ópera. “At Least For Now”, foi recebido com entusiasmo e foi recentemente galardoado com o prestigiado Mercury Prize, que premeia o melhor disco editado no Reino Unido e Irlanda e que já premiou nomes como PJ Harvey, Portishead, Pulp, Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, The xx e Alt-J entre tantos outros. Benjamin Clementine assume-se um verdadeiro poeta de canções. Sem dúvida o melhor disco de estreia do ano!

2.º Foals – “What Went Down”

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Os Foals são indubitavelmente a banda do momento! A banda inglesa de Indie Rock editou este ano  o quarto disco de originais e atingiram a maioridade. Se toda a discografia anterior é digna de registo, com “What Went Down”, elevam-nos a outro patamar. A revista NME atribui-lhes este ano o galardão de maior banda do mundo e se não são, para lá caminham. Mais maduros, mais agressivos e muito mais intensos, “What Went Down é um disco sempre em alta rotação, repleto de grandes músicas, sem momentos menos bons. “Mountain at My Gates”, “Albatross”, “Snake Oil”, “A Knife in The Ocean” são apenas alguns exemplos do brilhantismo que os Foals atingem com o quarto LP. A voz de Yannis Philippakis, revela uma profundidade, uma revolta e uma raiva que transforma qualquer música num  acontecimento épico. Portugal já tem reencontro marcado com os Foals, uma vez que no verão vão “incendiar” o palco principal do Nos Alive 2016. A editora Transgressive Records, encarregou-se da produção (The Antlers, Alvvays e Dry The River) o que é sinónimo de qualidade. Poderia muito bem ser o disco do ano, no entanto uma banda australiana meteu-se no caminho, mas já lá vamos.

A espera terminou e revelamos agora o melhor disco de 2015!

1.º Tame Impala – “Currents”

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Os Tame Impala, banda australiana de rock psicadélico, formaram-se em 2007, estreiam-se nos LP’s em 2010, com “Innerspeaker”, dois anos depois lançaram “Lonerism” e desde aí ficamos com a certeza que estávamos perante uma banda única e impar no panorama alternativo. Este ano “Currents”, coloca-os num autêntico pedestal. “Currents” é menos introspectivo e mais expansivo, repleto de “singles orelhudos” que têm passado nas rádios, fizeram-nos encabeçar festivais, alargaram o espectro de ouvintes da sua música, e não vemos mal nenhum nisso, porque no fundo o disco continua a soar a Tame Impala. Mas souberam evoluir sem descaracterizar a sua música. Os fãs mais puritanos e alguns hipsters não concordarão, mas nós adoramos os álbuns anteriores, idolatramos Currents e os Tame Impala continuam a ser uma das mais excitantes bandas da actualidade. O produtor é o próprio Kevin Parker (líder e vocalista da banda), que para isso recorreu ao seu estúdio pessoal na Austrália. O disco propriamente dito é composto por 13 enormes canções, das quais destacamos “Let it Happen”, “Cause I’m a Man”, “Disciples”, “Eventually” e “New Person, Same Old Mistakes”. “Currents”, convida-nos a uma viagem alucinante sem bilhete de regresso ao mundo psicadélico dos Tame Impala. Mantém a tendência de “Lonerism” e investe mais em sintetizadores e menos em guitarras, mais psicadelismo e menos rock, mas sempre mantendo a qualidade. Os Tame Impala vieram para ficar e ao terceiro disco atingem a perfeição, naquele que para nós é o melhor disco do ano!

Despedimo-nos até ao próximo mês, aproveitando para desejar a todos umas Boas Entradas em 2016! E, como sempre, não se esqueçam de ouvir boa música!