Miguel Torga é o pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nascido em Vila Real a 12 de Agosto de 1907 no seio de uma família humilde. Aos 10 anos mudou-se para uma casa apalaçada no Porto, para lá viver e servir, mas rapidamente foi despedido por insubmissão.
No que se refere ao pseudónimo, Miguel, foi escolhido em homenagem a Miguel de Cervantes e a Miguel de Unamuno, dois grande vultos da literatura, enquanto que Torga é uma planta brava da montanha, que cria raízes fundas sob a aridez das rochas.

Esteve um ano no seminário em Lamego, o que muito contribuiu para a sua formação, mas acabou por decidir que não queria ser padre e, em 1920, emigrou para o Brasil para viver e trabalhar na fazenda de um tio. O tio, apercebendo-se da inteligência do rapaz (então com 13 anos) e decide pagar-lhe os estudos. Assim Torga faz o Liceu no Brasil e volta depois para Portugal, para estudar medicina na Universidade de Coimbra.
O seu primeiro livro de poemas, Ansiedade, é publicado em 1928 e em 1929 começa a colaborar com a revista Presença, fundada por José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, com objectivos modernistas. Acaba, no entanto, com a colaboração em 1930 graças a uma “discordância estética e razões de liberdade humana”.
Nesse ano publica o livro Rampa, no ano seguinte Tributo e Pão Ázimo e, em 1932, Abismo
Nos anos seguintes colabora com a revista Sinal e Manifesto e, em 1936 dá-nos a conhecer o livro O Outro Livro de Job.
Passados quatro anos, em 1940, casa-se com a belga Andrée Cabré, com a qual teve uma filha, Clara Rocha.
Ao todo Miguel Torga publicou 17 livros de poesia, 24 de prosa e 5 de teatro, além de ensaios, discursos e colaborações com diversas revistas, mas nem só aí se faz notar. É também, no seu trabalho de médico pelas aldeias do interior que dá muitas vezes consultas gratuitas aos pobres, mesmo quando a mulher, professora, se vê proibida de leccionar e as finanças do casal não passam pela melhor fase.
Em 1989, Miguel Torga ganha o Prémio Camões, considerado o mais importante da língua portuguesa e ao longo dos anos foi várias vezes indicado para o Prémio Nobel da Literatura.
A obra de Torga leva-nos a conhecer o seu mundo, desde o meio rural onde cresceu e trabalhou até ao seu trabalho em medicina, e é repleta de críticas às injustiças e ao abuso de poder. Preso por 3 meses durante o regime do Estado Novo, viu ainda algumas das suas obras censuradas. Após o 25 de Abril de 1974, Torga mete-se brevemente no mundo da política para apoiar a candidatura de Ramalho Eanes, mas não gostava de chamar a atenção, nem no mundo político, nem no literário.
Miguel Torga viria a falecer em Janeiro de 1995, vítima de cancro.
A Obra
Prosa:
Pão Ázimo, 1931
A Terceira Voz, 1934
A Criação do Mundo, os Dois Primeiros Dias, 1937
O Terceiro Dia da Criação do Mundo, 1938
O Quarto Dia da Criação do Mundo, 1939
Bichos, 1940
Contos da Montanha, 1941
O Senhor Ventura, 1943
Um Reino Maravilhoso, 1941
Trás-os-Montes, 1941
Conferência, 1941
Rua, 1942
Portugal, 1950
Pedras Lavradas, 1951
Novos Contos da Montanha, 1944
Vindima, 1945
Romance:
Traço de União, 1955
O Quinto Dia da Criação do Mundo, 1974
Fogo Preso, 1976
O Sexto Dia da Criação do Mundo, 1981
Teatro:
Terra Firme, 1941
Mar, 1941
O Paraíso, 1949
Sinfonia, 1947
Poema Dramático, 1946
Mais crónicas
Oh Deus, porque é que nasci bonita em vez de rica!
Um Amor em Tempos de Covid – PART IV
Um Amor em Tempos de Covid – PART II